As leishmanioses constituem um grupo de doenças parasitárias de caráter zoonótico ou seja, doenças que são comuns aos homens e animais, ampla distribuição geográfica e são causadas por espécies variadas de protozoários pertencentes ao gênero Leishmania. É considerada, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma das seis doenças infecciosas de maior importância e a segunda principal doença causada por protozoário, ficando atrás da malária apenas. Pode ser dividida em duas categorias: a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) e a Leishmaniose Visceral (LV).
A Leishimaniose é popularmente conhecida como “úlcera de Bauru” ou calazar . As principais espécies de Leishmania envolvidas na transmissão são: L.(V.) braziliensis, L.(V.) guyanensis, L.(L.) amazonensis, L. (V.) lainsoni, L. (V.) naiffi, L. (V.) lindenberg, L. (V.) shawi. Essa enfermidade afeta principalmente homens, cães, equinos, asininos, gatos, roedores domésticos, preguiças, tamanduás, raposas e marsupiais. Causa lesões de pele e mucosa com sinais clínicos que variam conforme o agente causador e a resposta imunológica do hospedeiro.
A LV é uma doença sistêmica grave que, uma vez no organismo do hospedeiro, o agente etiológico se multiplica e começa a atacar as células fagocitárias conhecidas como macrófagos.
Elas fazem parte do sistema imunológico, ajudando a proteger o organismo contra corpos e agentes estranhos. Se não tratada, a doença pode evoluir, atingindo órgãos importantes, como o fígado e a medula óssea.
É causada, principalmente pelas espécies Leishmania infantun e Leishmania chagasi. Acomete o homem, cão, raposas e marsupiais. Os cães apresentam sinais clássicos como lesões cutâneas e descamação, em particular no espelho nasal e orelhas. Além disso, podem apresentar onicogrifose (crescimento das unhas), esplenomegalia, linfoadenopatia, alopecia, dermatites, cerato-conjuntivite, coriza, apatia, diarreia, hemorragia intestinal, edemas de patas e vômitos. A letalidade dessa doença aumentou de 3,4%, em 1994, para 5,7%, em 2009, total de 67,6% de crescimento, a letalidade média nos últimos quatro anos foi de 5,8%.
Os vetores transmissores pertencem à Ordem Díptera, Família Psychodidae, Sub-Família Phlebotominae. Os flebotomíneos são dípteros hematófagos, responsáveis pela transmissão da leishmaniose. Apresentam no máximo 0,5 cm de comprimento, cor parda, as pernas são longas e finas e o corpo revestido por pelos. Têm um voo característico, saltitante e com asas eretas, mesmo quando em repouso. Somente as fêmeas são capazes de fazer hematofagia, pois estão adaptadas com um aparelho bucal especializado. Têm atividade crepuscular, há um aumento da densidade de vetores no período entre as 22 h a uma hora.
Os flebotomíneos, no passado, tinham o ambiente de floresta como seu único habitat, com o desmatamento os mamíferos silvestres das proximidades morrem ou migram, deixando os flebotomíneos sem suas fontes de alimentação. Com isso, o inseto busca o alimento no ambiente doméstico, levando consigo o parasita. O homem passa a servir de alimento para o flebótomo, aumentando a sua suscetibilidade a doença.
Ao contrário do que muitos ainda acreditam, a Leishmaniose não é transmitida a partir do contato direto com o cachorro por meio de saliva, mordidas, entre outros. “A transmissão ocorre através da picada da fêmea do mosquito-palha, cujo nome científico é Lutzomyia longipalpis”.
Para a transmissão, o mosquito precisa picar um indivíduo infectado, ingerindo a forma amastigota da leishmania, que se transforma em promastigota no intestino do mosquito (vetor)”, continua a especialista. “Ao picar um novo indivíduo, o mosquito irá transmitir a forma infectante da Leishmania, provocando a doença”.
Sobre o inseto que serve de vetor para a doença, é importante destacar que, ao contrário do que acontece com os mosquitos, como o Aedes Aegypti, o mosquito-palha é, na verdade, um díptero que não depende da água parada para depositar seus ovos, colocando-os em matéria orgânica. Portanto, para ajudar a manter a saúde do seu pet, procure manter os ambientes sempre limpos.
Ao menos no início, nem todos os cães com Leishmaniose apresentarão algum sintoma. Na verdade, estima-se que cerca de 60% dos indivíduos dos animais contaminados sejam assintomáticos.
Até porque, a Leishmaniose pode ficar incubada por tempo variável, que vai de três meses a seis anos. Também é importante lembrar que, ao longo de sua progressão, a Leishmaniose visceral canina pode atingir diferentes órgãos.
Por isso, no caso da Leishmaniose canina, sintomas que variam de acordo com o órgão atingido são comuns. Porém, entre os sintomas iniciais da leishmaniose canina estão:
- Emagrecimento;
- Lesões na pele (especialmente na face e nas orelhas);
- Crescimento exacerbado das unhas;
- Perda de apetite,
Ao entender como identificar Leishmaniose canina e detectar seus sintomas, leve seu Pet para uma consulta com o veterinário quanto antes. Conforme a doença avança, compromete a imunidade do cão e seus órgãos, podendo levá-lo à morte.
A única maneira de saber com certeza se seu amigo foi infectado é levando-o a um veterinário. O diagnóstico é feito por meio dos exames de sangue de sorologia, reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e PCR, imprint de feridas e/ou citologia por decalque no qual colhe-se fragmento do órgão ou nódulo a ser examinado a fim de tentar localizar o parasita.
A entrevista com o tutor, assim como a avaliação clínica do paciente, também são muito importantes para ajudar o profissional a solicitar os exames adequados com precisão.
Existe cura para a Leishmaniose em cachorros?
Até pouco tempo, o diagnóstico de Leishmaniose era uma das piores notícias que um tutor poderia receber. Isso porque não havendo cura para a zoonose, a recomendação era que todos os pets confirmados com a doença fossem sacrificados.
A respeito disso, é interessante destacar que até havia remédios para a doença. No entanto, uma determinação de 1953 proibia o uso desses medicamentos em cães. A justificativa é que esses fármacos poderiam tornar o protozoário da Leishmania mais resistente, dificultando o tratamento em seres humanos.
A partir de 2018, graças a um medicamento de uso exclusivo nos pets, a Leishmaniose deixou de ser uma doença sem cura. “Hoje em dia, é possível tratá-la com um medicamento chamado Milteforan (miltefosina).
Ainda assim, é importante que o pet seja acompanhado de perto por um veterinário durante toda sua vida, já que o tratamento de Leishmaniose canina não elimina completamente a doença. No entanto, impede a progressão da doença e diminui a carga do parasita, fazendo com que o cachorro deixe de ser um transmissor.